As recentes revelações de Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, de que o Brasil teria sido vítima de espionagem eletrônica por parte desta Agência não deveria ser uma surpresa para as autoridades brasileiras. Todas as nações sabem que as grandes potências dispõem de serviços especializados em espionagem. Principalmente nos tempos atuais em que existe uma enorme preocupação com o terrorismo, e também com todo tipo de negócio ilícito que ameace a segurança nacional dos países. Mas as ações de espionagem não servem somente pra isso. Elas são usadas pra se obter qualquer tipo de informação que dê algum tipo de vantagem estratégica em assuntos civis ou militares. O governo brasileiro e as forças armadas deveriam pelo menos desconfiar disso, já que a vulnerabilidade de nosso sistema de defesa cibernética é gritante, e ao que tudo indica o país está bastante despreparado para lidar com ameaças externas, principalmente se ela vier de uma grande potência. Na audiência pública do dia 10 deste mês na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o Ministro da Defesa Celso Amorim admitiu que o país está na infância na tecnologia de defesa cibernética. Olha só que situação! Segundo o Ministro, o país não controla redes de transmissão e nem dispõe de satélites para este fim. Portanto, mesmo que criptografadas, as comunicações brasileiras podem ser facilmente monitoradas. Após 10 anos de governo petista se tem a sensação de que nada foi feito para aperfeiçoar a defesa nacional. Até parece que somente discursos politicamente corretos em organismos internacionais serão suficientes para defender o país. O Brasil já deveria estar provido com sistemas de tecnologia de informação compatíveis com o de um país que pretende ser grande potência. Deveria inclusive, já ter iniciado a construção e/ou aquisição de equipamentos militares de primeira linha, tais como: submarinos, navios modernos de combate, caças bombardeiros, helicópteros, etc. e até mesmo instalado bases militares modernas em regiões estratégicas do país, principalmente em nossa fronteira amazônica. Bases que são importantes para o patrulhamento e para nos defender de infiltrações de grupos guerrilheiros estrangeiros e também para apoiar as ações da polícia federal no combate ao contrabando e o tráfico internacional de drogas. O Brasil é um país de dimensões continentais, com milhares de quilômetros de costa e fronteiras terrestres, e não pode abrir mão de um sistema defensivo bem montado. Para o governo parece que as ameaças externas e as guerras somente ocorrem com os outros, e que o Brasil está imune a uma agressão externa. Até parece que em tempos de sérias ameaças ambientais, dificuldades energéticas, escassez de água e alimentos, que tem dificultado a vida de diversas nações não haveria por que temer a ocupação de uma boa parcela da Amazônia.
Forças Armadas para Autodefesa
No jogo de xadrez mundial o que importa de fato são os interesses, as oportunidades, e o quanto custa pra alcança-los. Uma invasão externa sempre é possível, tudo depende do que se tem a ganhar ou perder. Até mesmo uma ocupação territorial por parte de grupos guerrilheiros estrangeiros associados ao tráfico de drogas, que decidam se esconder ou ocupar uma parte fronteiriça do país deve ser considerado. A partir desse local inóspito seria possível conduzir ações táticas contra seus inimigos, bem como negócios escusos. Por todos esses motivos é que precisamos de forças armadas bem preparadas. Elas têm que possuir capacidade operacional de rápida intervenção e habilidade para operar em qualquer terreno sempre que necessário, e assim servir de meio de dissuasão contra qualquer adversário que tente nos tomar alguma coisa. Tudo isso pode ser feito sem criar uma corrida armamentista na América do Sul organizando as forças armadas para autodefesa. No atual contexto internacional, onde intervenções militares têm sido decididas por alguns países, isoladamente, se faz necessário estar politicamente bem situado nos organismos internacionais, mas também é necessário ter o seu próprio “porrete” bem guardado pronto para ser usado. No ano passado, em 13/08, o G1 – Portal de Notícias da Globo, divulgou uma reportagem em que segundo relato de alguns generais brasileiros o país somente teria munição para uma hora de guerra. É de lascar que estejamos nesta situação! A reportagem também menciona que os equipamentos militares brasileiros estão quase que totalmente obsoletos, e que o país investe apenas 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, enquanto países como Rússia, China e Índia investem em torno de 2,4% do PIB. Portanto, não é só a saúde, educação e a infraestrutura logística do país que carece de investimentos de qualidade. Parece que falta de tudo. A começar pela falta de atitude construtiva por parte de alguns políticos parasitas, que queimam parte dos escassos recursos existentes da defesa nacional ao utilizar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagens de importância duvidosa. Recursos que deveriam estar sendo dirigidos para setores mais importantes e carentes de que o país tanto necessita. É tempo de acordar! Não há espaço para amadores na arena internacional.
Raimundo Oliveira
Cientista Político e Social
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