Pense Simples

Recentemente estive lendo um livro bem interessante, com um texto simples e direto: Pense Simples, produzido por Gustavo Caetano e publicado pela Gente Editora. O livro trata de empreendedorismo, nele Gustavo sugere formas de pensar e de se comportar para se desenvolver boas ideias e se atingir o sucesso nos negócios e empreendimentos em geral. Utilizando exemplos reais baseados em sua própria experiência, o autor conta como foram suas primeiras experiências positivas e negativas. Entre algumas dicas, conselhos e reflexões interessantes que observei no livro, destaquei algumas e que resolvi compartilhar transcrevendo algumas partes do texto do livro. Gustavo é um dos brasileiros mais influentes da internet segundo o Linkedin e a revista GQ. Sua empresa, a Samba Tech, atua no mercado de distribuição de vídeos online e é referência em inovação e criatividade.

O que é inovação nos negócios? e como alcançá-la?

“Existe uma coisa em comum entre essas companhias que citei como exemplo ao longo deste capítulo. E não estou falando sobre o sucesso que elas alcançaram. Estou falando sobre o fato de essas empresas terem alma. Todas elas possuem um propósito bem estabelecido. Quer dizer, o negócio não existe apenas para dar lucro ou para tornar os empreendedores famosos. Isso são apenas as consequências. Os negócios bem-sucedidos surgem porque os empreendedores querem, na maioria dos casos, resolver um problema que, se for solucionado, vai melhorar a vida de algumas pessoas. E isso é o propósito. Uma empresa só dá certo se estiver oferecendo um produto ou serviço que vá facilitar a vida dos outros de alguma maneira. Quando isso acontece, o empreendedor está com meio caminho andado. Sabe por quê? Porque vai engajar tanto os possíveis clientes  que estão precisando daquilo que ele oferece  quanto os futuros funcionários. Todo mundo está carente de propósito. Tanto que uma pesquisa da Fundação Estudar, divulgada pela revista Você S/A, feita com 256 pessoas de todo Brasil, revelou que 62% dos entrevistados trocariam de emprego se tivessem a chance de, no novo trabalho, realizar seu propósito de vida. Isso significa que há uma vontade gigante de fazer algo em que se acredita. E, por causa disso, o empreendedor tem mais uma porta aberta: há espaço para resolver problemas do dia a dia. Isso é inovação”. (Caetano, Gustavo, 2017, pp. 46-47).

Entre os recados que considerei mais relevantes, sugiro observar atentamente este que segue, para todos aqueles que estão encaixados em mercados extremamente competitivos:

Cuidado com a zona de conforto

“Lembra da história da fábrica de cortiça do meu avô, que teve de fechar porque uma inovação – o isopor – estava chegando e ninguém percebeu o perigo? Como comentei essa história fica sempre martelando na minha cabeça, parece o Grilo Falante do Pinóquio, sussurrando para que eu nunca me esqueça de que a inovação de hoje não tem garantia de continuar sendo importante amanhã.

Estou relembrando essa história porque agora quero contar para você como a minha primeira empresa, a Samba Mobile (a dos joguinhos para celular), começou a se tornar irrelevante. E quero explicar, também, como eu percebi que era o momento de partir para outra coisa. Era isso ou outro “isopor” ia acabar com o meu negócio.

A Samba Mobile escalou rapidamente, afinal era essa mesmo a finalidade do negócio: crescer depressa sem demandar crescimento de equipes. Só que nós, em apenas três anos – o que é muito tempo para o mundo da tecnologia – viramos coisa comum. Ser uma plataforma para distribuição de jogos não era mais tão relevante assim. E as operadoras de celular, nossas clientes na época, sentiram que isso aconteceria e quiseram renegociar os contratos para torná-los mais favoráveis para elas. Quando entramos no mercado, o acordo era de divisão de lucros de 50% a 50%, mas, um dia, uma operadora me chamou para negociar. Eles queriam ficar com 70% e nos repassar apenas 30%. Por que fizeram isso? Porque a nossa concorrência tinha aumentado, havia mais gente disponibilizando jogos, e nós estávamos perdendo o poder de barganha. Depois que a primeira nos chamou para conversar, foi uma avalanche: todo mundo queria renegociar os contratos. Nós trabalhávamos com poucos clientes, e eles eram gigantes. Então, ou a gente aceitava a nova realidade, ou partia para outra. Contudo, era uma decisão difícil. Se aceitássemos a nova realidade, perderíamos muito dinheiro. Se não aceitássemos e uma das operadoras nos deixasse, perderíamos usuários. Naquela época não tinha Google ou Apple para a gente colocar um aplicativo direto nas mãos dos usuários. Era tudo intermediado. Então se uma operadora parasse de nos atender, perderíamos uns 20 milhões de clientes de uma vez só. Começamos a ficar preocupados com o futuro, com toda a razão. Era hora de mudar. Com as novas cartas na mesa, eu sabia que não ia ser possível continuar no mercado de jogos para celular por muito tempo.

O professor da Harvard Business School, Michael Porter, definiu muito bem a situação que eu enfrentei com a sua teoria das “Cinco Forças” […]. Ele diz que, se você está num mercado em que o poder de barganha dos fornecedores ou clientes é muito grande, é melhor sair de lá. No nosso caso, o poder de barganha dos fornecedores era fortíssimo, já que vendíamos produtos para algumas poucas empresas muito grandes.

Estávamos perdendo valor e, quando se perde valor, a única alternativa é a guerra de preços. Os joguinhos, naquele momento, viraram uma commodity. O que seria letal para nós, já que ainda não havia uma escala no nosso negócio que nos permitisse competir com margens muito baixas”. (Caetano, Gustavo, 2017, pp. 103-105).

O que a empresa do Gustavo enfrentou é algo muito comum no mundo dos negócios e, que afeta todas a empresas que perderam a capacidade de inovar e de desenvolver soluções criativas para enfrentar forças tão poderosas e simultâneas que atuam nos mercados. Conforme figura a seguir, podemos verificar o já comentado poder de barganha de clientes e fornecedores que pode ser devastador; a rivalidade entre os concorrentes, habilmente explorada pelos clientes; a ameaça de novas empresas concorrentes (entrantes), e também de produtos substitutos, que em geral são inovações de serviços e produtos que trazem novas soluções para os negócios, geralmente de menor custo. O diagrama a seguir demonstra claramente o risco que uma empresa corre, ao ficar situada bem no meio e sem nenhuma estratégia de defesa entre forças tão poderosas.

O modelo das Cinco Forças de Porter

Cinco_Forças_de_PorterFonte: <http://www.portal-administracao.com/2015/05/as-cinco-forcas-de-porter.html&gt;

Mudanças e Mais Mudanças

“Com a Samba Mobile e com a Combo Games eu aprendi lições muito valiosas. Uma das mais importantes é que a inovação de hoje não tem garantia de continuar sendo a inovação de amanhã. […] Quando você inova, já precisa estar de olho na próxima janela de oportunidades para inovar novamente, antes que o seu produto ou serviço deixe de ser relevante”. (Caetano, Gustavo, 2017, p. 107).

Aqui uma dica e conselho de comportamento para todos os empreendedores que consideram importante e imprescindível formar uma equipe de primeira e, manter assim, a sustentabilidade do negócio:

Não perca as pessoas de vista

“Quando você atinge certo sucesso no empreendedorismo e começa a ter clientes bacanas e um time de pessoas que trabalha para você, tem de tomar ainda mais cuidado com as suas atitudes. Você não pode deixar, de jeito nenhum, que o seu sucesso suba à cabeça. Quem sucumbe à síndrome do pequeno poder não chega a lugar nenhum. Sabe por quê? Porque afasta as pessoas. Ninguém quer ficar perto de um cara que acha que tem todas as respostas e que acredita naquele velho – e ultrapassado – ditado “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Para se manter com sucesso no seu negócio, você precisa de humildade. Um traço, aliás, que foi detectado por uma pesquisa da Universidade de Tycoon¹, nos Estados Unidos, como fundamental para ter uma boa performance profissional. Segundo os pesquisadores, quanto mais humildade e honestidade uma pessoa tem, melhores são seus resultados no trabalho. E isso vale igualmente para os empreendedores. Você precisa tratar todo mundo com respeito e de igual para igual. Esse é o primeiro passo para que você consiga formar uma equipe excepcional – e é dessa equipe que depende a sustentabilidade do seu negócio”. (Caetano, Gustavo, 2017, p. 119).

1 Disponível em: <http://capitalhumano-fgv.com.br/humildade-como-fator-relevante-em-personalidade/&gt;. Acesso em: 7 dez. 2016.

Referências bibliográficas:

CAETANO, Gustavo. Pense Simples: você só precisa dar o primeiro passo para ter um negócio ágil e inovador. São Paulo: Editora Gente, 2017. 184 p.

PORTAL ADMINISTRAÇÃO – Cinco Forças de Porter: Da análise à estratégia. <http://www.portal-administracao.com/2015/05/as-cinco-forcas-de-porter.html&gt;. Acesso em: 12 nov. 2017.

Artigo desenvolvido e publicado por:

Raimundo Oliveira – Cientista Social pela Universidade Federal Fluminense; Tecnólogo em Logística pela Universidade Paulista; Pós graduado em Gestão de Negócios pela Universidade Castelo Branco e pós graduado no Curso de Formação de Professores para Ensino Superior pela Universidade Paulista.

 

Sobre Raimundo Oliveira

I'm a Social Scientist interested to study and provide analysis of global relevant issues. For professional contact send an email to rrsoliveira@hotmail.com
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